Primeira leitura – Introdução
Discussão do conceito de competência comunicativa para Habermas e Kaplún
Habermas ao longo de seus textos escreve uma teoria que trata tanto da evolução da sociedade quanto do indivíduo dentro dela, fazendo a crítica da visão instrumentalista da ciência dominante no capitalismo pós-guerra. Para este autor, o Estado Moderno produz como resultado a própria sobrevivência do capitalismo.
A competência linguística, tratada por ele, admite haver um elemento normativo dominante na interação humana, assim como puramente instrumental – A satisfação de necessidades. Por isso, as Ciências Humanas são ciências interessadas. A natureza da linguagem como comunicação significa que tanto o falante quanto o ouvinte da fala possuem um interesse a priori na compreensão um do outro.
A compreensão remete ao fato de que os participantes precisam chegar a um acordo; o acordo acarreta o “reconhecimento intersubjetivo” da validade da afirmação do outro. A função adequada da linguagem é permitir que a comunicação aconteça; onde a comunicação falha sistematicamente, existe uma forma patológica de uso da linguagem.Nesse sentido, a linguagem deve ser compreendida como um modelo consensual de regras.
O termo mundo vital para Habermas é inspirado em Schutz – mundo da vida cotidiana no qual a esfera total da experiência de um indivíduo inclui o seu estoque de experiências anteriores. SCHUTZ, Alfred. Aquele que retorna ao lar. In: WAGNER, H. Textos escolhidos de Alfred Schutz. Fenomenologia e Relações Sociais. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979.
O mundo vital é o mundo da consciência e da ação comunicativa, fundamentado em um interesse de emancipação que vem da própria base da vida social e humana. A ação comunicativa é nesse sentido, uma ação que conta com um processo cooperativo de interpretação no qual os participantes se relacionam simultaneamente com algo nos mundos; objetivo e social e subjetivo. A comunicação é o mais importante aspecto de todas as atividades do mundo vital porque é através dela que idelamente os indivíduos podem obter reconhecimento pela validade de suas informações, pois é aqui, também, que as estruturas do mundo vital podem ser modificadas.
Assim como a Teoria Consensual, uma vez que esta coloca como central a luta pela reapropriação do poder discursivo e argumentativo dos indivíduos para que todos possam assim participar de contextos discursivos, para que todos tenham oportunidades idênticas de argumentar, eliminando todas as formas de coação interna/externa.
A competência comunicativa para o autor depende desse modo da validade das proposições construídas e só pode ocorrer como fruto de um processo de argumentação legítimo, com condições formais para a existência de um consenso. O conhecimento comunicativo tem como interesse a emancipação das formas de repressão social.
Já em Kaplun, pela leitura inicial que fizemos a competência comunicativa se refere à criatividade e iniciativa dos sujeitos em consubistanciar a tríade expressão, pensamento e linguagem, não se prendendo a idéia de consenso como forma de impedir a coação.
Segundo ele, todo educador é um comunicador, mas nem todo comunicador é educador. Para que se estabeleça a interação entre educador e educando (falante e ouvinte – contemplados pelas ações educacionais) é necessário que se estabeleça a troca e posterior construção do conhecimento. Para Kaplun, a heterogeneidade de argumentos é favorável e vista como potência.
A comunicação é considerada, portanto, como processo dialógico e só é possível a partir da ação dos sujeitos em seu contexto. A tecnologia, para além da racionalidade técnica é compreendida como mais um componente do processo comunicativo e não como elemento determinante e sendo assim, também a comunicação não é pensada como meio ou instrumento para fins educacionais, mas é ela quem, por sua vez, torna-se a base para processos educacionais.
O autor afirma que para tornar o aprendizado significativo é preciso que os educandos sejam tomados como sujeitos ativos da sua realidade, por meio da ampliação de sua competência comunicativa e demais expressões da comunicação.
Próxima reunião de estudos: |
Texto: KAPLÚN. Mário. Uma pedagogia de La comunicacíon. Ediciones De La Torre. MADRID, 1998.
Para baixar acesse: Uma pedagogia de La comunicacíon – PDF document, 1755Kb
– Data da próxima reunião: 22/03/12 (quinta-feira) às 18h30
– Divisão do livro do texto de Mário Kaplún:
Parte I – Elbênia Marla Ramos Silva
Parte II – Alexandre Meneses Chagas
Parte III – Soraya Cristina Pacheco de Meneses
Importante: Os apresentadores deverão trazer alguma reflexão para ser compartilhada com os demais membros, via blog.